Madame Bovary é um clássico literário do século XIX, como tal, é necessário ter em consideração que praticamente todos os temas abordados por Flaubert são tabus da sociedade. A ousadia de Gustave Flaubert ao escrever sobre adultério, negligência médica, suicídio, etc, foi o que levou a que este clássico fosse alvo de tanta polémica na sociedade burguesa francesa da época. Polémica que levou à sua presença em tribunal, acusado de crimes como a ofensa à moral e à religião. Hoje em dia, esta obra é considerada a primeira da literatura realista, porque embora seja fictícia retrata muito bem a realidade da época.
Emma é uma provinciana que casou com Charles Bovary, um médico que ficou recentemente viuvo da sua primeira esposa. Emma é uma ávida leitora de romances, pensava, assim, que ia encontrar na sua vida de casada aquilo que as protagonistas dos seus livros encontram. Uma vida de paixão, no entanto, vê-se presa numa sociedade burguesa mediocre que não a satisfaz, uma rotina e um quotidiano que a enfastiam. Então, tenta procurar esse amor, que não conseguiu no casamento, com outros homens. Esta infidelidade em relação ao marido não termina no adultério, Emma cria dividas atrás de dividas que levarão à ruína da sua família e consequentemente a um fim trágico.
O grande forte desta obra de Flaubert é a descrição psicológica das personagens. Emma é uma personagem fisicamente bonita, o que se pode aperceber através do interesse que desperta em vários homens, porém, é moralmente corrupta e não consegue aceitar e apreciar as realidades da vida, o que leva aos seus problemas psicológicos e no fim ao seu suicídio. Charles representa as características da sociedade que Emma detesta, é incompetente, estúpido e não tem imaginação, não consegue ver para além da realidade, todavia, é a personagem que representa a moralidade. Homais foi uma das personagens que mais gostei, é ele que critica o clero e que passa no final do livro uma mensagem bastante importante: depois da morte de Charles e de Emma, Homais tem sucesso na vida e recebe um prémio, mostra-nos assim um dos aspetos daquela época mas também da atualidade, que a mediocridade e o egoísmo, muitas vezes, levam mais longe do que aqueles que vivem apaixonadamente e tentam ser excepcionais (Emma) ou aqueles que vivem humildemente e tratam os outros com generosidade (Charles).
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